... Passa e a Alma, Corpo, um conjunto no seu todo, pedem, reclamam, ardem e em soluços mudos se apagam! Um uníssono que grita mais do que voz alcança...
Um cala o que o outro permite responder, um guarda os segredos que ao outro não cabe revelar, um segura-se enquanto o outro se dá ao que lhe assiste, o outro resguarda-se nas suas muralhas... Como se lhe fosse proibído, ou descabido fazer-se sair das sombras por onde se entranha e ali se deixa ficar. Uma batalha difícil de travar
Ao passo que um conquista, o outro tende a perder forças, ao passo que um se mostra, o outro tende a perder o seu encanto, os dois em conjunto... tornam o "mundo" incerto, o imperfeito perfeito e vice-versa, o medo de um vira lacuna no outro, nos espólios de uns, se descobrem os buracos deixados na teia de aranha eximiamante tecida pelo outro, e a pergunta surge na mente, como névoa que paira no ar,constante e veemente, mesmo que a ela se queira esgueirar, ou por mais esforços se faça para tal.
O toque surge, O beijo... e tudo se (des)encaixa num ápice, como um baralho de cartas que se mostra nos seus alicerces frágil, algo não tido em conta, assim como o que antes parecia inalcançável ganha a sua dimensão e força quase... docemente venenosa... deixando um rasto tão seu, suave e indelével, como se gota de chuva se tratasse, a olho nú pequena e insignificante, mas de uma magnitude inigualável, sózinha e isolada, ou na sua valsa dançada com tantas outras, como os pequenos pormenores da vida...
O desejo ganha forma, contornos já tão bem definidos e alimentados num mundo intransponível mas atíngivel a seus termos, convenções e disposições, os quais são alimentados numa fornalha criada e feita a dois, com moldes e traços de cada um, e a combustão dá-se...
O que julgamos ter, perde-se como fumaça num ar que cheira a novo, o que somos se transforma e molda, o que queremos muda... E nada volta a ser o mesmo!
Pede-se mais do que se pode, deve ou é conveniente.... Ou não. Tudo se converge, conjuga, invoca ou encontra, como duas almas que do Dois criam Um, duas pontes que abrigam o mesmo rio e o abraçam, como duas marés distintas que mesmo cruzadas e combinadas, deixam o mar seguir o seu curso natural, mas o amparam nas margens que sustêem a sua força, como duas almas que se completam... E se libertam, por vezes encontrando-se, por vezes entrelaçando-se em nós, os que nem eu sei como definir! Questão tão simples não é? Mas... a resposta reside em ambos os polos, ambos os fogos, ambos os ventos, ambos os mares e ambos os terrenos, os que nos fazem ser quem somos!
A pergunta que se impõe.... terá resposta?
4 comentários:
Como um beijo pode ter tanto poder e desencadear tanto desejo...
Para tudo na vida existe uma resposta.
Dentro do nosso coração a encontramos, por vezes temos é que a saber procurar.
Beijos sentidos e o desejo de um bom ano.
"Frequentemente observei o seguinte: quanto mais variados os acontecimentos que se sucedem, tanto mais rapidamente passam os nossos dias, mais longo, ao contrário nos parece o tempo passado, a soma desses dias. Por outro lado, quanto mais monótonas as nossas ocupações, tanto mais longos se tornam os nossos dias, tanto mais curto o tempo passado ou a soma deles. A explicação não é difícil."
Georg Lichtenberg
Por aqui, enlevada na sublimidade do que leio, fico sem resposta... assim, como tantas outras vezes...
Nem sempre, esta é essencial! Há que "domesticar" a mente a simplesmente... deixar-se levar!
[Fantástico ano de 2011!]
Basium
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